segunda-feira, 10 de outubro de 2011

1º SIMULADO UNICAMP

SIMULADO UNICAMP


REDAÇÃO – 2º SEMESTRE DE 2011


Instruções para realização da prova

• Você encontrará a seguir 3 temas (Tema 1, Tema 2 e Tema 3).
• Os três temas são de execução obrigatória.
• Os textos devem ser feitos a caneta esferográfica azul ou preta.
• Utilize apenas o espaço reservado (pautado) para escrever seus textos.

Atenção
• Os rascunhos não serão considerados.
• Textos a lápis não serão corrigidos.

PROPOSTAS DE REDAÇÃO

Tema 1


Coloque-se na posição de um estudante de jornalismo a quem, foi solicitado, como trabalho escolar, a criação de uma notícia, cujos dados devem ser extraídos do poema “A cruz e a árvore”, de Carlos Drummond de Andrade, no qual o poeta trata do sacrifício de Eliana e do massacre de Leo. Nessa notícia você, necessariamente, deverá:

a) escolher apenas um dos personagens do poema (ou Eliana ou Leo)
b) criar o “lead” a partir dos dados oferecidos pelos versos de Drummond (se algum dado do “lead” não constar no poema, cabe a você criá-lo);
b) desenvolver o “corpo” da notícia, ampliando e detalhando um pouco mais fatos apresentados no “lead”.


A cruz e a árvore

Na Estrada do Cafundá,
na Serra do Caverá,
corpos e madeiras enlaçados.
A cruz de Eliana, o jamelão de Leo
contam a história do nosso agora
(ou de sempre).
Demônios passam na viração, instalam-se
na carne virgem de Eliana
que toda se retorce
na possessão vermelha
e não querem sair nunca mais
de seus guardados.
O corpo exige cruz.
Eliana amortalha-se
de crepe alvo transparente.
Seus pés lacerados a gilete
rumam para o calvário.
Multidões famintas de milagre
chegam dos quatro pontos
do universo rio-grandense,
Entre latas de cerveja,
buzinas, gravador pentecostal,
olhos cobiçosos de sofrimento
alheio.
Eliana assume postura de Cristo,
a dor de Cristo, a opção de Cristo.
Pecadores pasmam, recolhem gotas
de humilde sangue precioso,
orvalho de redenção.
Eliana dorme, Eliana vela,
suspira, espera
que fuja de suas entranhas
a manada de porcos infernais
e a Face Resplandecente lhe sorria.
Leo acorda cedo, vai assaltar.
Profissão vigente, como outras.
O carro-pagador traz apenas 15 mil cruzeiros,
ridículos para um assalto.
Mas Leo precisa exercer
a profissão sem carteira.
Homens atracam-se com ele.
Lutam na lama do loteamento
verde, na lama verde.
O revólver trai seu portador.
Leo não recolhe os 15 mil.
Trabalhadores defendem o que é deles,
suado salário da semana.
Leo amarrado ao jamelão
está perdido.
Está salva Eliana,
O corpo voltou a ser virgem.
Gritos triunfais assustam os pássaros
da Serra do Caverá.
Os pais de Eliana,
o noivo desempregado de Eliana
recolhem nos braços
a santa de claros cabelos
que salvará o Rio Grande do Sul.
Eliana, sacra e triste,
não viu o Cristo aparecer-lhe
e confortá-la.
Nem todos os santos merecem o privilégio.
E a graça se oferece, recusando-se.
Eliana redimida,
Leo amarrado pela cintura
e pescoço
pede para ser preso.
Que chamem, que chamem a joaninha
para transportá-lo.
Ninguém escuta, param caminhões.
automóveis param, descem
pessoas para colaborar no linchamento.
O forte jamelão também é cruz
do mau ladrão.
Não há muitas oportunidades
de vingar num só o mal de mil.
Vibram todos ritualmente
em Leo os golpes de ira coletiva.
Cada um tem sua queixa de Leo,
injúria a resgatar
antiga humilhação,
dor-do-mundo a doer em cada peito.
Na Serra do Caverá demônios exorcizados
a pau e pedra e pontapé e escarro
e palavrão
escapolem da alma de Leo purificada.
O jamelão embala com suas folhas
sussurrantes, na Estrada do Cafundá,
a alma liberta de Eliana
entre hosanas de amor, e tudo é santo.

Carlos Drummond de Andrade.
Publicado na Folha de S. Paulo, no dia 16/2/1978,
e recolhido posteriormente no livro A paixão medida.


JAMELÃO (substantivo masculino) - Rubrica: angiospermas: árvore (Syzygium cumini) da fam. das mirtáceas, com casca tanífera, madeira us. como lenha, folhas coriáceas e pequenas bagas elipsoides e roxas, comestíveis, com sementes us. em pó como antidiabéticas, nativa da Índia à Nova Guiné e tb. cultivada como ornamental; jalão, jambolão.


Tema 2


(adaptação) Imagine que seus pais, aposentados, estão querendo mudar de casa e cidade, e que você os está ajudando a procurar um novo lugar para morar. Folheando o caderno de imóveis de um jornal, você lê o anúncio abaixo. Tanto a cidade quanto o apartamento descritos no anúncio são, para você, ideais para seus pais, mas e o preço: será que eles não acharão muito alto? Sabendo que eles terão dificuldade para entender a escrita abreviada do anúncio, você resolve enviar-lhes um e-mail, reescrevendo o anúncio, procurando traduzir os termos abreviados. Nesse e-mail você, necessariamente, deverá:

a) convencer seus pais de que o preço do imóvel do anúncio, se comparado ao preço que eles estão pedindo pelo apartamento em que ainda estão morando e à cidade em que esse apartamento está situado, é bem acessível. Para melhor convencê-los, compare pelo menos um dado comum aos dois apartamentos.
b) apontar duas vantagens que eles terão caso adquiram o apartamento anunciado.

RESENDE
Apto., 2 ds., 1 vg., 2 Wc, 70m2 á.ú., pisc., qdra poli., sl. jant., sl. jgs., sl. fest., sl. 2 amb., tço., térreo, reformado, acabamento gesso, pintado, condomínio fechado, vista Serra. R$ 150.000,00. Tratar c/ Borges (xx)xx-XXXX.


Tema 3


Imagine que você que você foi indicado para trabalhar na seção de uma revista de grande circulação nacional. Para conhecer melhor seu trabalho, a jornalista encarregada pela seção, pede-lhe que faça uma sinopse sobre o filme “O menino do pijama listrado”. Para consultar alguns elementos sobre o filme, ela lhe entrega a crítica transcrita a seguir. Nessa sinopse você, necessariamente, deverá:

a) utilizar os dados técnicos referentes ao filme contidos na crítica sobre o filme (caso falte algum dado técnico importante, você deverá criá-lo).
b) escrever uma sinopse que desperte a atenção de quem a ler.



O Menino do Pijama Listrado

Drama sobre holocausto coloca crianças na linha de frente
Marcelo Forlani
11 de Dezembro de 2008

O Menino do Pijama Listrado
The Boy in the Striped Pijamas
EUA / Reino Unido, 2008 - 95
Drama
Direção:
Mark Herman
Roteiro:
Mark Herman
Elenco:
Asa Butterfield, Zac Mattoon O'Brien, Domonkos Németh, Henry Kingsmill, David Thewlis, Vera Farmiga, Jack Scanlon
Bom

Há alguns anos fui ao Sachsenhausen, lugar que foi uma espécie de "campo de concentração-piloto", no subúrbio de Berlim. Foi um dos lugares mais sombrios nos quais já pisei. Mesmo hoje, mais de 50 anos depois do fim da 2ª Guerra Mundial, o ar ainda é pesado, não há flores, o gramado parece menos verde que o normal e - ao menos no dia que passei ali - o céu estava cinza. No caminho, depois de descer do trem, várias casas. E eu ficava pensando como aquelas pessoas conseguiam viver ali, perto de um lugar onde tanta desgraça tinha acontecido.
Os campos eram afastados das cidades, o que reforça a teoria de que nem todos sabiam o que acontecia lá dentro, o que era aquela fumaça preta e o cheiro insuportável que emanavam de lá. É essa ingenuidade o principal combustível de O Menino do Pijama Listrado (The Boy in the Striped Pijamas, 2008). O título se refere a essa naïvité do filho de um militar alemão promovido a chefe de um desses campos.
Bruno (Asa Butterfield) acha que as pessoas que vivem a alguns metros de sua casa são fazendeiros, mas não entende porque eles são tão infelizes e andam com aqueles "pijamas listrados". Altamente entediado, no meio do nada e sem os amigos com quem brincava em Berlim, Bruno decide sair um dia para explorar e anda até a cerca que separa os judeus ali presos do mundo externo. É lá que conhece o menino do título, com a mesma idade que ele, mas sem a alegria de viver. Para o pequeno judeu não há brincadeira, bola nem comida.
O filme escrito e dirigido pelo inglês Mark Herman, baseado no livro de John Boyne, tem todos os elementos-chave que um drama do holocausto pede. É emotivo. Trata do tema mostrando as atrocidades cometidas naqueles dias e o sofrimento imposto. E ainda expõe como jovens arianos eram convertidos ao nazismo.
O fato do protagonista ser um menino, que é o grande diferencial da história contra os concorrentes que também já trataram o tema, acaba parecendo muito mais uma jogada de marketing. As saídas encontradas pelo cineasta deixam tudo com um jeito de comercial piegas, daqueles que usam crianças ou animais para comover o público, sem mostrar a que realmente veio. Não à toa, todo o filme é falado em inglês (com sotaque britânico), mais uma prova da sua veia comercial.
Sem confiar na inteligência do público, o diretor pega a audiência na mão em vários momentos, iluminando com neon o caminho que está criando para o seu filme. O inexperiente Asa também não ajuda muito com seu jeito robótico de atuar. E apesar do desfecho, o longa-metragem não consegue sair do lugar-comum. Começa a parecer que o maniqueísmo do tema está chegando perto do seu saturamento. Não dá para apagarmos o nazismo da história da humanidade. Mas podemos selecionar melhor as histórias que queremos contar.

(omelete.uol.com.br/cinema/o-menino-do-pijama-listrado)

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