quinta-feira, 13 de outubro de 2011

GÊNERO TEXTUAL: CARTA DO LEITOR

CARTA DO LEITOR


Características:


gênero textual em que um leitor expressa opiniões (favoráveis ou não) a respeito de assunto publicado em revistas, jornais, ou a respeito do tratamento dado ao assunto;


nesse gênero textual, o autor pode também esclarecer ou acrescentar informações ao que foi publicado;


apesar de ter um destinatário específico – o diretor da revista, ou o jornalista que escreveu determinado artigo –, a carta do leitor pode ser publicada e lida por todos os leitores do meio de comunicação para o qual ela foi enviada;


na carta ao leitor, a linguagem pode ser mais mais pessoal (empregando pronomes e verbos em 1ª pessoa) ou mais impessoal (empregando pronomes e verbos na 3ª pessoa) ou ainda pode utilizar os dois tipos de linguagem; a menor ou maior impessoalidade depende da intenção do autor: protestar, brincar ou impressionar, por exemplo.

ATENÇÃO: NAS CARTAS, DEVEM CONSTAR: DATA, VOCATIVO, DESPEDIDA, SAUDAÇÕES, ASSINATURA (SEMPRE A ABREVIAÇÃO DO NOME, CASO NÃO HAJA INSTRUÇÃO DE COMO ASSINAR)

Cartas publicadas sobre o artigo de opinião "Baleias não me emocionam", publicado na edição de 01/09/2004, da Revista Veja



Num tempo em que a hipocrisia e a mídia, de mãos dadas, ditam nosso modo de agir e pensar, fico muito feliz ao ler o último artigo de Lya Luft ("Baleias não me emocionam", Ponto de vista, 25 de agosto). Nós nos sensibilizamos com aquilo que não nos causa esforço. Como nos sensibilizar com um mendigo na calçada quando poderíamos tê-lo auxiliado? Melhor pensar nas baleias, coitadinhas. Como também são coitadinhos aqueles que passam fome na África, nunca os famintos de nossas ruas. Passo, a partir de hoje, a ler seus textos com outros olhos. A senhora ganhou meu respeito e minha admiração.
Gilberto Carlos Nunes
Brasília, DF



Estou decepcionada com o Ponto de vista escrito por Lya Luft. Não esperava um texto tão frio de uma escritora que havia demonstrado tanta sensibilidade anteriormente. Sou defensora dos animais e acredito que os seres humanos têm uma idéia terrivelmente equivocada de que são prioridade na Terra. Somos apenas elementos que compõem a vida no planeta. Acredito que a humanidade é responsável pelas maiores tragédias do nosso planeta, desde baleias encalhadas até a miséria brasileira de todos os dias.
Frida Frick
Cascais, Portugal



Comungo com Lya Luft em sua opinião sobre os animais. Compartilho respeito e amor por eles e abomino o trato de gente que tantos bichos recebem enquanto seres humanos não recebem a ínfima parte desse trato. Comovem-me, sim, notícias como a de seres humanos queimados vivos por viverem nas ruas à falta de um teto. Entristece-me, sim, saber que tantos passam frio, não têm o que comer, o que vestir ou que não têm acesso a assistência médica. Quanta criança privada de futuro por já nascer condenada, excluída da sociedade, sem direito a um lar, alimentação, creche, escola, educação... As prisões aí estão abarrotadas e, dentro delas, quantos artistas, médicos, professores, mecânicos, comerciantes, empresários que não tiveram o direito de "nascer" pela falta de mínimas oportunidades. Enquanto isso, verdadeiras somas são direcionadas aos animais... O que é isso? Que inversão é essa? Se a sociedade fosse realmente tão boa e solidária quanto acredita ser, pelo que oferece de amor e dinheiro aos animais, certamente colocaria as prioridades humanas num plano de maior respeito.
Diolásia de Lima Cheriegate
Rio de Janeiro, RJ



A exemplo de tantas outras espécies, as baleias cada vez mais encalham nas praias de todos os lugares, mais por conseqüências das ações dos homens do que por seus instintos ou mera fatalidade. Nossos oceanos estão se tornando verdadeiras latas de lixo; empresas e governos realizam testes submarinos cada vez mais intensivos que desnorteiam baleias e outras espécies e a senhora acha que tentar salvar as que encalham é coisa de quem não tem mais o que fazer. Ora, que demagogia achar que devemos abandonar causas que protegem os animais por achar que poderíamos agir mais a favor do ser humano. Um erro não justifica outro. Não é porque há miseráveis e crianças abandonadas que devemos deixar os animais à mercê de sua própria sorte. Toda vida merece ser salva. O homem extermina a natureza e animais por ações criminosas, mas aceitáveis na sociedade, tudo em nome do progresso humano que, infelizmente resume-se aos interesses do poder econômico. Devemos sim, cuidar dos nossos irmãos humanos, porém, jamais abandonar nossos irmãos irracionais, não medindo esforços nem sacrifícios para servir tanto a um quanto a outro, porque todo problema requer cuidados, seja ele qual for. Os animais, como seres espirituais em evolução, são nossos companheiros de jornada, merecendo ser respeitados e, sobretudo, amados.
Sylvia Gatto
Itanhaém, SP



As emoções brotam nas pessoas por razões diferentes. Há quem chore ao ver um quadro de Picasso e quem não liga a mínima. Eu prefiro baleias a Picasso. Se uma baleia encalhasse na praia onde moro eu ficaria torcendo por sua volta ao mar. Só vi duas até hoje, mesmo assim ao longe. Sei que são enormes e que empurrá-las de volta ao mar exige força, trabalho em equipe, decisão e compaixão. Se encalhasse um ser desses por dia a rotina mataria a emoção e trataríamos baleias como tratamos os velhos, os pobres, os loucos, os doentes... Torçamos para que isso não aconteça. Há algum tempo um tubarão (ou seria um golfinho?) foi morto a pauladas numa praia do Rio. Pergunto-me por que alguém deu a primeira paulada. Não é de assustar? Por que o enjôo com quem se dispõe a salvar, seja lá o que for? É doloroso saber da fome das pessoas e é possível, ao mesmo tempo, se comover com baleias, pessoas e até com corujas condenadas a ausência do par. Os sentimentos não se excluem e envolvem muitos outros detalhes. Vamos torcer pelas baleias e por quem as salva. Torcer pelos que nada têm e pelos que os ajudam. Sobre a coruja de sua infância, prisão é prisão. Coruja quer viver com coruja, solta na mata.
Georgeta Gonçalves
São Sebastião, SP

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